A figura do anciπo Θ uma constante iconogrßfica na estΘtica de Rembrandt. Sφmbolo de sabedoria e recolhimento, sua representaτπo torna-se quase uma obsessπo pict≤rica para o holandΩs.
O protagonista do quadro aparece sentado com as mπos cruzadas, em atitude serena e de repouso. A luz que entra pela janela ilumina parte do espaτo. Graτas a ela pode-se apreciar uma mesa. Sobre ela, aparecem alguns livros e manuscritos, que nos informam sobre a atividade intelectual do personagem. Junto a ele, uma prodigiosa escada caracol. Esta seria uma metßfora visual da vida, entendida como senda de conhecimento e perfeiτπo. Na penumbra do primeiro plano se encontra uma mulher, movendo as brasas da lareira. O cenßrio destaca-se por sua austeridade e sobriedade. O jovem mestre rodeia o anciπo de uma atmosfera cheia de quietude. Parece que estß isolado do exterior, enfatizando a introspecτπo do sßbio. Pintado em 1632, este quadro possui um espφrito similar ao de futuros trabalhos do pintor, no qual se glorifica a atividade humana e o sφmbolo ocupa lugar especial.
AN┴LISE T╔CNICA E ESTIL═STICA
O tratamento da luz Θ o agente determinante nesta composiτπo. A luz irrompe violentamente sobre a tela, definindo o espaτo representado. Matiza formas, volumes e cores. Mas tambΘm serve para sugerir sensaτπo de espaτo e ambiente, logrando uma atmosfera carregada de mistΘrio e intimidade. Este traτo da obra se farß muito presente ao longo da trajet≤ria de Rembrandt.
A figura protagonista Θ compacta e equilibrada. A pequenez de seu tamanho contrasta com a amplitude espacial sugerida desde a ≤tica do espectador. A construτπo do quadro obedece α tentativa deliberada de concentrar a atenτπo visual sobre este homem anciπo e pensativo.
O Γmbito central do cenßrio contrasta plasticamente com o resto. Uma iluminaτπo, aparentemente, espontΓnea, estß rodeada de escuridπo e penumbra. O artista desenha com o pincel cada um dos degraus da escada. Bem diferente Θ o esboτo da mulher. Nesta zona, a pincelada se faz mais grossa e livre. A precisπo deixa passagem ao efeito expressivo do vermelho do fogo. Vermelhos e dourados rompem cromaticamente com uma escuridπo generalizada.
INTERPRETA╟├O
Profetas, sßbios, fil≤sofos, sacerdotes... Rembrandt os introduz com profusπo em m·ltiplas representaτ⌡es. A maioria deles mostra uma idade avanτada. Jß desde sua juventude, o artista gostava de pintar e desenhar anciπos pertencentes a estratos sociais diferentes. Em seus trabalhos se exalta a velhice como signo de experiΩncia, sabedoria e recolhimento. Esta figura alcanτaria o grau de obsessπo ao longo de toda a trajet≤ria do holandΩs. Tal circunstΓncia enlaτa com outro traτo particular do mestre: o seu desejo de conhecer a realidade que o rodeia. A natureza torna-se ponto essencial de referΩncia em boa parte de seus trabalhos. Daφ que esses nus femininos, sejam tratados com um verismo quase extremo. Junto da realidade, a espiritualidade. Ela se manifesta extraordinariamente neste quadro, graτas a um sutil tratamento da luz. Os personagens pintados pelo artista costumam estar .freqⁿentemente meditando, como se estivessem isolados do mundo. Certo setor da crφtica relaciona o assunto deste quadro com a afinidade do autor α comunidade menonita. A isso acrescenta-se tambΘm um progressivo misticismo que assaltaria o pintor.
